Rita de Cássia Rodrigues

 

TROTULA DI RUGGIERO (1050-1097) E O ENSINO MEDICINAL: O ZELO DA MÉDICA DE SALERNO PARA O CONTEXTO FEMININO MEDIEVAL

 

Rita de Cássia Rodrigues

 

Introdução

 

É inegável que a História das Mulheres esteve, durante muito tempo, silenciada na escrita da História. Consideradas como relatos sem importância, a História positivista do século XIX direcionava a atenção para os escritos que versavam sobre assuntos políticos, uma historiografia tradicionalista que apresentava as realizações dos grandes homens que formavam a elite da época. Desse modo, as mulheres permaneciam nas margens da historiografia, tornando-se necessário aguardar a terceira fase da Escola dos Annales para que, a partir do surgimento de novos campos historiográficos, os estudos sobre a História das Mulheres fosse possível. Com isso, os movimentos feministas que ocorreram a partir de 1960 reforçaram as abordagens sobre essa temática, apresentando relevância ao que antes era ignorado na História. (SOIHET, 1997, p. 263-264).

 

Nessa perspectiva, a historiadora Joan Scott afirma que “a importância das mulheres na história significa necessariamente ir contra as definições de história e seus agentes já estabelecidos como ‘verdadeiros’” (SCOTT, 1992, p. 77). Compreende-se, assim, que o estudo da História a partir de um novo olhar direcionado para os grupos femininos, proporciona uma ampliação do conhecimento histórico e a desconstrução de muitas concepções errôneas que até então eram retratadas como verdades absolutas e passíveis de questionamento, uma vez que “as mulheres ficaram muito tempo fora desse relato, como se, destinadas à obscuridade de uma inenarrável reprodução, estivessem fora do tempo, ou pelo menos, fora do acontecimento.” (PERROT, 2006, p. 16).

 

Percebe-se, portanto, a importância de pesquisar e estudar fontes produzidas pelo grupo feminino, pois possibilita uma melhor compreensão de assuntos contemporâneos, levando em consideração que “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado (BLOCH, 1965, p. 45). Nesse sentido, quando se trata do estudo da História das Mulheres na Idade Média, torna-se necessário um olhar crítico diante das produções elaboradas nesse contexto, haja vista que, por se referir a um período dominado em termos de escrita majoritariamente pelo poder masculino e religioso, os textos são repletos de misoginia, fator que dificulta os (as) historiadores (as) ao pesquisar informações sobre o passado feminino desse contexto.

 

Entretanto, é possível compreender aspectos do medievo a partir da perspectiva feminina porque “as mulheres da Idade Média, a quem senhores, esposos e censores negam a palavra com tanta persistência, deixaram afinal, mais textos e ecos do seu dizer do que traços propriamente materiais” (KLAPISCH-ZUBER, 1993, p. 12). Dessa forma, recorrer a fontes que foram produzidas pelo grupo feminino trata-se de uma maneira de romper com o paradigma de uma História única e expandir os estudos sobre a História das Mulheres, devolvendo, assim, a notoriedade que elas merecem devido a tanto tempo de silenciamento.

 

Vale ressaltar que os trabalhos de tradução desenvolvidos por muitos pesquisadores são fundamentais para esse tipo de pesquisa, possibilitando, por exemplo, que vários textos das mulheres medievais chegue até os dias atuais, facilitando o acesso e análise dessas obras. Assim, Karine Simoni, Luciana Deplagne e Alder Ferreira Calado foram os responsáveis por organizar e traduzir para o português, recentemente, no ano de 2018, a obra Sobre as doenças das mulheres (séc. XI), de Trotula di Ruggiero (1050-1097), na qual trata-se de uma fonte derivada da obra De possionibus mulierum ant, in et post partium, publicado pelo editor Georg Kraut em 1544 (SIMONI, CALADO, DEPLAGNE, 2018, p. 22). A tradução desta obra fornece o levantamento de informações sobre o passado feminino, como no caso dos tratados de Trotula di Ruggiero. Nesse sentido, possibilita as pesquisas tanto sobre a figura feminina medieval, como também acerca da saúde, corpo e maternidade, além de identificar o fato de que as mulheres também tinham autoridade no medievo (ORTOLÁ, 2021, p. 50). Sendo assim, o estudo sobre os textos escritos de Trotula, uma médica que viveu no contexto do século XI, na cidade de Salerno, sul da Itália, apresenta uma nova compreensão da História das Mulheres interligado com a História da Medicina Medieval.

 

A obra Sobre as doenças das mulheres (séc. XI)

 

Inicialmente, é importante destacar que na Idade Média as mulheres não estavam necessariamente em total submissão diante dos homens, levando em consideração que nesse contexto histórico existia diversos grupos sociais, e o fator social era o que determinava a questão do poder, não o sexo. Ou seja, as mulheres da nobreza tinham mais autoridade do que um homem camponês, por exemplo (NASCIMENTO, 1997, p. 90). Dessa maneira, o grupo feminino esteve ativamente participativo na sociedade medieval, na qual algumas mulheres puderam exercer as funções de escritora, médica, rainha, mestra, dentre outros.

 

No século XI, a cidade de Salerno, Sul da Itália, vivenciava um período de crescimento urbano, econômico e intelectual. Além disso, estava localizado em uma região que proporcionava o encontro entre diferentes culturas, o que foi fundamental para o compartilhamento de saberes filosóficos e medicinais (SIMONI, DEPLAGNE, 2017, p. 164). Assim, consequentemente, houve o desenvolvimento da área medicinal que ocasionou na criação da Escola Médica de Salerno e com um diferencial, ou seja, tratava-se da aceitação da atuação feminina, seja como alunas, médicas ou mestras. Por não ter sido dominada pelo poder religioso e também devido a disponibilização de diversas obras médicas que eram traduzidas para o latim, o que enriquecia a formação dos profissionais, atraia pessoas de diferentes localidades que buscavam esse estudo medicinal inovador.

 

Dentre o conjunto de mulheres que frequentavam essa escola, intituladas como as Damas de Salerno, Trotula di Ruggiero (1050-1097) foi considerada a médica mais importante. Como pertencia a uma família de aristocratas, ela pôde frequentar esse âmbito e, a partir disso, dedicou todo o seu saber medicinal para o cuidado majoritariamente direcionado para as doenças que eram acometidas as mulheres, passando a escrever tratados medicinais que descrevia as suas experiências vivenciadas como médica, apresentando em detalhes os tratamentos para a cura e prevenção das enfermidades, tudo isso através de uma leitura clara, objetiva e de fácil entendimento para todas as pessoas que possuíssem domínio da leitura em seu contexto. Nessa perspectiva, “Trotula tornou-se ímpar por ter aliado a pesquisa e o ensino da medicina à profissão de médica, ou seja, escreveu o seu próprio ensino.” (SIMONI, 2010, p. 3).

 

Tendo como pressuposto as influências obtidas das concepções de Galeno e Hipócrates, além das influências de outras culturas, como, por exemplo, a islâmica, Trotula descrevia receitas de tratamentos feitos com produtos naturais e ressaltava que para existir saúde seria necessária uma harmonia entre os aspectos internos e externos do corpo humano. Assim, “o bem-estar físico de uma pessoa estava relacionado ao funcionamento harmônico do corpo, e no que se referia às mulheres, envolvia as noções de beleza, do cuidado físico e do afeto” (XAVIER, 2021, p. 52). Todo o saber medicinal descrito pela salernitana obteve grande reconhecimento e foi considerado de importante contribuição para a medicina medieval, tanto é que foi traduzido para diversos idiomas e tornou-se referência no assunto.

 

Os tratados mais conhecidos foram O De possionibus mulierum ante, en e post partum (Sobre as doenças das mulheres antes, durantes e depois do parto), conhecido como Trotula maior, e o De ornatu mulierum (Sobre a beleza das mulheres), denominado Trotula menor. São textos que marcaram o começo das reflexões sobre a obstetrícia e sobre a ginecologia como ciências médicas, no qual a obstetrícia, ginecologia, fertilidade, cuidados com o recém-nascido, cuidados com as gestantes, problemas psicológicos ligados à sexualidade, entre outros, são alguns dos assuntos apresentados na obra. Além disso, é possível identificar temáticas inovadoras para o período medieval, visto que, por exemplo, Trotula trata do corpo feminino sem nenhum julgamento ou preconceito. (CALADO, SIMONI, DEPLAGNE, 2018, p. 23-25).

 

O olhar e cuidado diante do corpo feminino

 

A médica salernitana dedicou todo seu saber medicinal para tratar majoritariamente dos sofrimentos das mulheres diante das doenças que lhe eram acometidas, tanto é que os assuntos mais abordados nos tratados referem-se a ginecologia e obstetrícia. Isto posto, Trotula di Ruggiero afirma em seus escritos o motivo que a fez ter essa preocupação de auxiliar o grupo feminino em busca da saúde:

 

“Porque as mulheres são por natureza mais frágeis que os homens, nelas as doenças abundam com mais frequência, sobretudo em torno dos órgãos reservados à função natural. Como esses estão posicionados em um lugar mais íntimo, por pudor e pela fragilidade da sua condição, elas não ousam revelar ao médico as aflições das suas enfermidades. Por tal motivo, eu, tendo compaixão pela sua desventura e particularmente impulsionada pela solicitação de uma certa senhora, comecei a ocupar-me diligentemente das doenças que muito frequentemente molestam o corpo feminino”. (RUGGIERO, 2018, p. 37).

 

Diante desse fragmento existe alguns aspectos a serem analisados, como, por exemplo, a afirmação de que o corpo feminino é mais frágil. Assim, torna-se relevante a observação de qual o contexto histórico que a médica estava inserida. Dessa forma, distanciando-se dos riscos de cometer anacronismos pode-se compreender que essa concepção era comum no medievo. Aliás, a “função natural” mencionada trata-se da procriação, função essa que juntamente com o matrimônio estava destinado as mulheres desse período.

 

A partir do contato que Trotula tinha com suas pacientes, buscava entender o que ocasionou a doença e apresentava tanto as formas de tratamento como as de prevenção. Em Sobre as doenças das mulheres (séc. XI) é evidenciada a importância da menstruação, no qual o seu desequilíbrio pode ser motivo de diversos tipos de doenças para as mulheres. Ademais, o corpo feminino é observado como único, ou seja, cada mulher possui suas peculiaridades e, por esse motivo, algumas têm o ciclo menstrual maior e doloroso do que outras. Desse modo, são indicados diversos tratamentos para ajudar cada uma das mulheres da forma adequada para sua realidade. (RUGGIERO, 2018, p. 45)

 

Trotula trata o corpo feminino com cuidado e sem nenhum julgamento e, dessa maneira, discorre sobre temáticas que no contexto medieval eram assuntos majoritariamente de domínio masculino, como a sexualidade, por exemplo. Nesse sentido, em um dos capítulos da obra é ensinado como as mulheres poderiam contrair a vulva para que parecessem virgens mesmo em caso de violação (RUGGIERO, 2018, p. 115). Além disso, tendo como pressuposto a concepção de que a mulher deveria passar pela dor do parto como uma forma de pagamento pelo pecado original cometido por Adão e Eva no paraíso, uma visão da história bem recorrente, a médica salernitana surge com um olhar extremamente controverso e indica maneiras para não engravidar. O fragmento seguinte apresenta essa ideia:

 

“Se ainda tiver sido machucada no parto e por medo da morte não quiser mais conceber, deve colocar em um saquinho tantos grãos de catapúcia ou de cevada quantos forem os anos em que quiser permanecer estéril. Se quiser ficar estéril para sempre, deve colocar ali um punhado”. (RUGGIERO, 2018, p. 75).

 

De modo geral, os tratados retratam detalhadamente todos os remédios, alimentos e cuidados necessários para cada tipo de enfermidade que são acometidas ao corpo feminino. Trotula di Ruggiero apresentava concepções filosóficas e mostrava-se além de seu tempo, tentando proporcionar a saúde das mulheres, que seria resultado da harmonia entre os aspectos internos e externos ao corpo humano. Vale ressaltar que as concepções metodológicas apresentadas nos tratados tinham como base as teorias medicinais de Hipócrates e Galeno, mencionados diversas vezes em seus textos.

 

Segundo atesta Amanda Xavier, a médica de Salerno “procurou auxiliar as mulheres através de seus estudos, buscando aliviar as angústias daquelas que se sentiam envergonhadas perante aos médicos” (XAVIER, 2021, p. 54-55). Assim sendo, percebe-se que a médica salernitana possuía um amplo saber medicinal, e utilizou esse conhecimento em favor do zelo para com o grupo feminino de seu contexto histórico, tanto para as mulheres que pertenciam ao grupo social rico, como também para as mais pobres.

 

Considerações finais

 

A obra Sobre as doenças das mulheres (séc. XI) de Trotula de Ruggiero (1050-1097), possibilita o desenvolvimento de estudos sobre a História das Mulheres na Idade Média, o que é relevante para a compreensão da atuação das mulheres na sociedade medieval e suas contribuições. Além do mais, trata-se de uma temática apresentada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para ser abordada no âmbito educacional (BNCC, 2018, p. 420-421). Nessa perspectiva, é inevitável a contribuição das análises dos textos produzidos pelas mulheres para a formação docente, para que esta proporcione um reflexo no ensino de História, possibilitando o questionamento e a desconstrução de muitas concepções equivocadas referente ao período estudado.

 

Os tratados de Trotula são necessários para ser utilizados como fontes de estudo e abordagem na formação docente, precisamente por recuperar textos elaborados por uma mulher, apresentando uma nova perspectiva da Idade Média, rompendo, assim, com a concepção errônea de ter sido um período obscuro, e evidenciar que no medievo existiram grupos femininos que atuaram na sociedade, não estando necessariamente contra o grupo masculino, mas em constante interação. Nesse aspecto, é importante enfatizar que esses escritos medicinais proporcionam novas pesquisas sobre a História das Mulheres estando interligado com a História da Medicina do Medievo. Dessa forma, trata-se de uma das possibilidades de recorrer a produções femininas e devolver a notoriedade que merecem devido a tantos anos de silenciamento e misoginia que sofreram no desenvolvimento da historiografia.

 

Referência biográfica

 

Rita de Cássia Rodrigues é graduanda do curso de História da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina e integrante do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/campus Petrolina). Atualmente realiza seu segundo projeto de Iniciação Científica como bolsista da Fundação e Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) sob a orientação do Prof. Dr. Luciano José Vianna, cujo título é “As práticas medicinais para o corpo feminino na obra Sobre as doenças das mulheres (séc. XI) de Trotula di Ruggiero (1050-1097): um olhar e cuidado para a mulher medieval.”

 

Referências bibliográficas

 

Fonte

 

RUGGIERO, Trotula di. Sobre as doenças das mulheres. DEPLAGNE, L. C. SIMONI, K. (org.). Trad. Alder Ferreira Calado e Karine Simoni. 1ª Ed. Copiart, Florianópolis, UFSC/ DLLE/ PGET, 2018.

 

Bibliografia

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Educação é a Base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.

 

BLOCH, Marc. Introdução à História. Lisboa: Publicações Europa-América, 1965.

 

KLAPISCH-ZUBER, Christiane. Introdução. In: História das Mulheres. A Idade Média. Organizadores: Georges Duby e Michelle Perrot. Porto: Edições Afrontamento, 1992, p. 9-23.

 

NASCIMENTO, Maria Filomena Dias. Ser mulher na Idade Média. Textos de História, Brasília, v. 5, p. 82-91, 1997.

 

ORTOLÁ, Elena Castellano. Una genealogía femenina del conocimiento medieval a través de la traducción: una nueva propuesta ejemplificada por la transmisión de los manuscritos de Trotula. Panace, 2021, v.22, p.47-57.

 

PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. trad. Angela M. S. Côrrea. 2ed. São Paulo: Contexto, 2019.

 

SCOTT, Joan. História das Mulheres. In: Peter Burke. (Org.). A Escrita da História: Novas Perspectivas. Trad.: Magda Lopes. São Paulo: Unesp, 1992, p. 63-95.

 

SIMONI, Karine. De dama da Escola de Salerno à figura legendária: Trotula de Ruggiero entre a notoriedade e o esquecimento. Fazendo Gênero 9: diásporas, diversidades, deslocamento. 23 a 26 de agosto de 2010.

 

SIMONI, K.; DEPLAGNE, L. C. Mil anos depois: notas sobre a tradução para o português brasileiro do tratado de medicina para as mulheres de Trotula di Ruggiero (séc. xi). Revista Graphos, v. 19, n. 3, p. 161-174, 2017.

 

SOIHET, Raquel. História das mulheres. In: Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. Orgs. Ciro F. Cardoso, Ronaldo Vainfas, 5ª ed. Rio de Janeiro: CAMPUS LTDA, 1997, p. 263-283.

 

XAVIER, Amanda da Cruz. A concepção de doença na literatura médica de Trotula de Salerno. In: Ciclo Virtual Internacional de Comunicações de História Política2021, Rio de Janeiro. Anais do Ciclo Virtual Internacional de Comunicações de História Política PPGH/. Portugal: Editora Cravo, 2021. p. 1-1625.

2 comentários:

  1. Olá Rita, boa noite! Parabéns pelo texto e pelas pesquisas realizadas com esta fonte que cada vez mais vem sendo trabalhada no âmbito historiográfico brasileiro. Fico feliz em ver os resultados da sua dedicação. Gostaria de fazer uma pergunta: depois das pesquisas realizadas com esta fonte, como você definiria o motivo de Trótula em escrever esta obra? Por que ela escreveu esta obra para as mulheres do seu contexto histórico?

    Luciano José Vianna

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    1. Olá, bom dia. Agradeço pela pergunta!
      A partir dos estudos realizados, torna-se possível compreender que um dos motivos que levou a médica de Salerno a dedicar o seu conhecimento medicinal para o cuidado das doenças das mulheres trata-se do olhar compreensível diante da realidade feminina. Ou seja, como é mencionado em um trecho da fonte, por Trotula ter sido uma mulher, ela sabia que muitas mulheres tinham vergonha de revelar as enfermidades para um profissional do sexo masculino. Desse modo, ela teve um olhar de zelo e compaixão para o grupo feminino, oferecendo não só um serviço cuidadoso em que suas pacientes teriam mais familiaridade para relatar seus problemas, como também transcreveu suas experiências medicinais para que outras mulheres, que tivesse acesso à leitura, pudessem saber as formas de tratamento, cura e prevenção necessárias para ter saúde. Assim, considero que Trotula compreendia a realidade das mulheres do seu contexto histórico, por isso que também apresentou uma escrita sem julgamento diante do corpo feminino, retratando, por exemplo, a importância da menstruação e da sexualidade para a saúde do corpo feminino, contrariando muitos textos misóginos que foram produzidos no medievo.
      Ass. Rita de Cássia Rodrigues

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