Juliana Caroline de Souza Araújo

 

O OLHAR FEMININO NOBRE NO TRATADO DO AMOR CORTÊS (C.1186) DE ANDRÉ CAPELÃO (1150-1220)

 

Juliana Caroline de Souza Araújo 

 

Introdução

 

A História das Mulheres é um movimento historiográfico que surgiu a partir da década de 1960 e ganhou a atenção da academia e do público em geral, o qual, para ser compreendido, deve ser analisado e contextualizado juntamente com a história do movimento feminista. Isso porque, o feminismo despertou a visão para as experiências femininas ao longo da história e colaborou para a inserção das mulheres no ambiente universitário como campo de estudos (NASCIMENTO, 1997, p. 82). Nesse espaço, os historiadores e historiadoras começaram a buscar uma redefinição profissional, visto que se constituíram como um grupo pesquisando um tema específico dentro da academia. Além disso, passaram a questionar conceitos e perspectivas na produção do conhecimento histórico (BREISACH, 2009, p. 238; SCOTT, 1992, p. 73-74).

 

Com o passar do tempo, iniciaram-se de forma massiva os estudos sobre as mulheres no âmbito acadêmico, principalmente na década de 80 do século XX, momento no qual identificamos a publicação de várias obras voltadas para o estudo sobre as mulheres no Medievo. Esse campo de estudos pretendeu transformá-las em sujeitos históricos e em objetos de estudo da história, pois o homem era a base da historiografia moderna ocidental (SCOTT, 1992, p. 66-77).

 

Este trabalho pretende abordar a representação do amor cortês a partir do olhar das mulheres nobres presentes no Tratado do Amor Cortês do clérigo André Capelão (1150-1220). Ele exerceu suas funções na corte do rei da França Luís VII (1120-1180) e a partir disso constatamos que estava mais próximo das damas da nobreza, como a condessa Maria de Champagne (1174-1204), filha de Alienor da Aquitânia (1122-1204). Em sua obra, Capelão ramificou o grupo social feminino nobre em dois grupos: as mulheres da pequena nobreza e as mulheres da alta nobreza. A primeira era descendente de um vassalo ou de um senhor, ou também fora casada com um deles. A segunda possuía sua descendência marcada por grandes senhores (CAPELÃO, 2000, p. 22-23).

 

O Tratado do Amor Cortês

 

Tratado do Amor Cortês de André Capelão foi composto no final do século XII, por volta de 1186, no norte da França, e está dividido em três livros que comentam sobre o que é o amor, como mantê-lo e a sua condenação, respectivamente. O objetivo principal do Tratado é tratar da concepção do amor nas cortes feudais, uma vez que ele é uma representação ideológica da nobreza, possuindo um conteúdo que pretendeu doutrinar e conduzir o grupo nobre.

 

O contexto no qual o Tratado do Amor Cortês foi composto coincidiu com o que denominamos feudalismo, um período tradicionalmente visto apenas a partir da ótica masculina, principalmente a partir da relação entre senhores e vassalos (BLOCH, 2001). Por conseguinte, a obra consiste em uma fonte de hábitos e comportamentos da sociedade feudal e deve ser compreendida a partir do seu contexto de produção (PERNOUD, 1984, p. 101-102). Compreendemos que pela influência da relação feudo-vassálica, “a mulher é equiparada a uma suserana; [...] o amante mostra submissão total à mulher, exprime o desejo de ser aceito como seu vassalo e oferece-lhe incansavelmente os seus serviços.” (BURIDANT, 2000, p. 39).

 

Em termos metodológicos, para se trabalhar com a perspectiva feminina no Medievo é necessário considerar o filtro masculino encontrado na maioria das fontes (KLAPISCH-ZUBER, 1992, p. 16). Dessa forma, a concepção do amor cortês se constrói a partir do que foi textualizado por André Capelão no Tratado do Amor Cortês. Entretanto, é possível enxergá-la através da ótica das mulheres nobres.

 

Como base teórico-conceitual, utilizamos o conceito de representação cunhado por Roger Chartier (1988), o conceito de memória cultural desenvolvido por Jan Assmann (1995) e o conceito de memória social elaborado por Patrick Geary (2002). De acordo com Chartier, as percepções do âmbito social estão imbuídas com as intenções dos indivíduos ou grupos. Dessa forma, entende-se que os discursos consistem em representações do mundo social (CHARTIER, 1988, p. 17). Portanto, o Tratado do Amor Cortês é composto por diversas representações sociais femininas, uma vez que Capelão apresentava interesses em moldar as características das mulheres nobres através das regras do amor cortês. Segundo Jan Assmann, a memória cultural apresenta uma situação definida no passado, podendo ser um texto, um rito ou uma prática. Desse modo, uma experiência coletiva está acessível em uma construção cultural (ASSMANN, 1995, p. 129). Isso significa que o Tratado do Amor Cortês consiste em uma composição cultural, na qual constam as experiências de seu autor, André Capelão, voltadas para os grupos sociais que eram formados por mulheres no contexto feudal.

 

Complementanto esta perspectiva, segundo Geary, na formulação da memória social a sociedade renova e reforma a sua compreensão do passado para integrá-lo em seu presente. Isso implica em uma interação e renovação dos aspectos da memória que servem de construção para a sociedade (GEARY, 2002, p. 178). Capelão, ao escrever sua obra, buscou um incentivo no presente e se voltou para o passado, conseguindo, dessa forma, recuperar as memórias dos grupos sociais de mulheres nobres e reformulando-as com objetivos específicos para utilizar no seu discurso.

 

A representação do amor cortês a partir do olhar feminino nobre no Tratado do Amor Cortês

 

Visando construir a representação do amor cortês pela ótica das mulheres nobres, apreendemos os aspectos que se aproximaram das vontades e das inquietações delas no século XII, as quais Capelão extraiu de suas rememorações cotidianas. A mulher participante do jogo do amor cortês era casada, estabelecendo vínculos adúlteros e escondidos. O trovador precisava se contatar de forma discreta a partir de indícios enviados em seus versos (CHICOTE, 2007, p. 348).

 

No quinto diálogo do Tratado, a mulher nobre contrariou o papel da dama distante e idealizada. Ela  afirmou que o amante sofredor poderia encontrá-la em pessoa para libertá-lo dos suplícios da morte (CAPELÃO, 2000, p. 53-75). O fragmento seguinte apresenta essa ideia. “Ademais, não quero que te contentes com escrutar os ares, mas podes ver-me em carne e osso e contemplar-me frente a frente. Prefiro empenhar-me em guiar-te para te manter em vida a levar-te à morte ou expor-me a cometer um crime” (CAPELÃO, 2000, p. 75).

 

Segundo a mulher de pequena nobreza da sétima conversação, “[...] ele deverá pautar seus atos e moderar seus desejos de tal modo que ninguém possa desvendar seus segredos” (CAPELÃO, 2000, p. 125). E quais eram os segredos? Os momentos em que os amantes se encontravam para partilhar os prazeres do amor e, dessa forma, sustentar sua paixão (CAPELÃO, 2000, p. 123-212). Como o amor cortês não era compatível com a manutenção da castidade feminina, muitas mulheres no século XII se preocupavam em ter a sua honra destruída por meio de boatos (CAPELÃO, 2000, p. 154).

 

A seguir, observamos uma série de conhecimentos sobre o amor cortês demonstrado por mulheres de alta nobreza. Para Capelão, elas eram exemplos singulares de discernimento a respeito da matéria do amor. Muitas vezes, ele utilizou em seu discurso a competência amorosa da condessa Maria de Champagne (1174-1204) e de outras damas como a rainha Alienor da Aquitânia (1122-1204), Adélia de Champagne (1140-1206), a condessa de Flandres Isabel Vermandois (1085-1131), a viscondessa Ermengarda de Narbonne (1120-1196) e a assembleia de damas da Gascogne no sul da França (BURIDANT, 2000, p. 18-19).

 

A Maria de Champagne foi uma personagem feminina que atuou de forma maciça em atividades literárias (BURIDANT, 2000, p. 18-19). As cortes do amor foram comandadas por mulheres nobres que avaliavam situações conflitantes entre os amantes (CARVALHO, 2017, p. 144; CHICOTE, 2007, p. 347-348). No sétimo diálogo, os amantes recorreram à sua arbitragem com a seguinte questão: o amor pode existir entre os casados? Eis aqui sua resposta. “Dizemos e afirmamos como plenamente estabelecido que o amor não pode estender seus domínios entre os cônjuges. Porque os amantes concedem-se tudo mutuamente a título gratuito, sem serem impelidos por obrigação alguma” (CAPELÃO, 2000, p. 137). Já os esposos possuíam deveres entre si, não permitindo a existência de um requisito fundamental para o amante, o ciúmes.

 

Alienor da Aquitânia, filha do primeiro trovador Guilherme da Aquitânia e primeira cônjuge do rei da França Luís VII, realizou variadas atividades no âmbito da política e instituiu as cortes de amor compostas por trovadores franceses (CHICOTE, 2007, p. 347-348). No segundo livro do Tratado do Amor Cortês, André Capelão atribuiu àquelas damas distintas da sociedade feudal a resolução dos julgamentos do amor. No segundo julgamento, Alienor aprovou o ato de um enamorado como parte da essência do amor cortês. Ele simulou estar apaixonado por outra mulher para avaliar a lealdade de sua amada dama, que por sua vez, queria impedi-lo de usufruir de suas carícias. Ela deliberou que “está pecando contra o próprio amor aquela que, por essa razão, se recusar a acolher o amante em seus braços, a menos que uma prova evidente mostre ter ele violado a fé que lhe prometeu” (CAPELÃO, 2000, p. 234-235).

 

Adélia de Champagne, a terceira consorte de Luís VII, também se dedicou à poesia lírica. Na deliberação XIX, Adélia de Champagne advertiu uma dama que recebeu presentes de um cavaleiro sem lhe dar as esperanças de seu amor. Trata-se de uma conduta indecorosa no jogo do amor cortês e, portanto, ela estendeu suas resoluções. O fragmento seguinte expressa essa ideia. “Ou a dama recusa os presentes que lhe foram oferecidos para a obtenção de seu amor ou concede o amor como compensação; se não fizer isso, deverá aceitar sem queixas ser classificada entre as cortesãs” (CAPELÃO, 2002, p. 246).

 

Isabel Vermandois, a condessa de Flandres e cônjuge de Filipe de Flandres era sobrinha de Alienor da Aquitânia e prima de Maria de Champagne; ela também demonstrou empenho na doutrina amorosa, deliberando a sentença XII, na qual reprovou a infidelidade de um amante no jogo do amor cortês. Nas palavras de Capelão: “Um homem, já comprometido numa ligação perfeita, pede instantemente o amor de outra dama, [...] obtém dela tudo o que seu coração deseja, [...] mas, depois [...] solicita os favores da primeira e afasta-se da segunda” (CAPELÃO, 2000, p. 240). A condessa de Flandres apresentou a seguinte resolução: o amante deve ser destituído do amor de ambas as damas e, posteriormente, a toda possibilidade de amar uma mulher de importância.

 

Por fim, André Capelão explorou o conhecimento das mulheres da região occitana localizada no Sul da França, tratando-se das damas que compõem o concílio de Gascogne e de Ermengarda, viscondessa de Narbonne (BURIDANT, 2000, p. 22). As mulheres da Gascogne se reuniram para analisar o caso de um cavaleiro que revelou suas confidências amorosas. Para a cavalaria do amor, era importante que as relações afetivas fossem preservadas em silêncio para que não estivessem destinadas ao fracasso. Logo, as damas condenaram o amante como imprudente e estabeleceram a seguinte sentença: “esse indivíduo passaria a ser privado de qualquer esperança de amor e considerado indigno e desprezível por todos, em qualquer corte de damas ou de cavaleiros” (CAPELÃO, 2000, p. 245). Na deliberação onze, a viscondessa Ermengarda de Narbonne penalizou uma dama por recusar um amante em razão das suas imperfeições corporais determinadas pela guerra. Ela estabeleceu que a bravura em batalhas deveria despertar o amor nas mulheres e não acabar com ele (CAPELÃO, 2000, p. 243).

 

Considerações finais

 

Os estudos sobre a História das Mulheres no Medievo apresentam inúmeras possibilidades de abordagens e de fontes, as quais são importantes para o conhecimento das experiências históricas medievais femininas, sendo possível (re)pensar a história do mundo feminino nesse período. Pesquisamos os ensinamentos das personagens históricas e do grupo social nobre, para tornar íntegro o entendimento a respeito do conjunto de práticas e comportamentos relacionados ao amor cortês no contexto do Feudalismo. Muitas vezes, no ensino de História Medieval, o enfoque desse conteúdo permanece direcionado para figuras masculinas como trovadores, nobres, cavaleiros e clérigos seculares, esquecendo as particularidades do mundo feminino. O amor cortês foi representado pelas mulheres nobres como praticável ao moderar a idealização entre os amantes e ao considerar os requisitos apresentados em um conjunto de normas ao longo do Tratado do Amor Cortês.

 

Referência biográfica

 

Juliana Caroline de Souza Araújo é graduanda do Curso de História da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina e integrante do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/campus Petrolina). Atualmente realiza seu projeto de Iniciação Científica como bolsista da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) sob a orientação do Prof. Dr. Luciano José Vianna, cujo título é “A representação do amor cortês entre os grupos sociais femininos no Tratado do Amor Cortês (C. 1186) de André Capelão (1150-1220)”.

 

Referências bibliográficas

 

Fontes

 

Tratado do Amor Cortês. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

 

Bibliografia

 

ASSMANN, Jan. Collective Memory and Cultural Identity. New German Critique, 65, p. 125-133, 1995.

 

BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 2001.

 

BREISACH, Ernst. Sobre el futuro de la Historia. El desafío posmodernista y sus consecuencias. València: Publicacions Universitat de València, 2009, p. 237-244.

 

BURIDANT, Claude. Introdução. In: CAPELÃO, André. Tratado do Amor Cortês. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

 

CARVALHO, Ligia Cristina. Relações de poder na Idade Média Central no Tratado do Amor Cortês de André Capelão (século XII). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Programa de Pós-graduação em História. São Paulo, 2017.

 

CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e representações. Trad. Maria Manuela Galhardo. Lisboa: DIFEL,1988, p. 13-28.

 

CHICOTE, Gloria. El amor cortés : otro acercamiento posible a la cultura medieval. III Jornadas de Estudios Clásicos y Medievales, 12 al 14 de septiembre de 2007. [s.l.: s.n.], 2007. Disponível em: <https://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/libros/pm.310/pm.310.pdf>.

 

GEARY, Patrick. Memória. In: LE GOFF, Jacques e SCHMITT, Jean-Claude (eds.). Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Vol. II. São Paulo: EDUSC, 2002, p. 167-181.

 

KLAPISCH-ZUBER, Christiane. Introdução. In: História das Mulheres. A Idade Média. Organizadores: Georges Duby e Michelle Perrot. Porto: Edições Afrontamento, 1992, p. 9-23.

 

NASCIMENTO, Maria Filomena Dias. Ser Mulher na Idade Média. Textos de História, v.5, n.1, p. 82-91, 1997.

 

PERNOUD, Régine. A mulher no tempo das catedrais. Tradução: Miguel Rodrigues. Lisboa: Gradiva, 1984.

 

SCOTT, J. História das Mulheres. In: Peter Burke. (Org.). A Escrita da História: Novas Perspectivas. Trad.: Magda Lopes. São Paulo: Unesp, 1992, p. 63-95.

6 comentários:

  1. Boa noite ! Primeiro gostaria de parabenizar a autora pelo belo texto , me fez recordar dos tempos de graduação no qual tive o prazer de participar de um grupo de estudos sobre essa obra. Gostaria de saber se à informações de que os ensinamentos trazidos por André capelão no tratado do Amor cortes promoveu alguma mudança social na época, digo, as pessoas Cito não só nobres os camponeses principalemente leram tal obra e se inspiravam nas dicas dadas pelo autor , ou só foi publicado muito tempo depois das análises feitas pelo autor e a sociedade do período em que foi construído serviram somente de fonte?
    Grata!
    Jacqueline Ferreira Dias

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Juliana Caroline de Souza Araújo15 de setembro de 2022 às 11:55

      Boa dia Jacqueline! Agradeço por sua pergunta e também pelo elogio. A escrita da obra ocorreu em 1186 e o tradutor do latim para o francês, Claude Buridant, apontou que um provérbio propagado na época foi um indício para essa datação. Isso porque, esse provérbio demonstrou a atualidade de um acontecimento: o casamento de Margarida de França e Bela III da Hungria em 1186. Segundo Capelão, Margarida preferiu a liberdade, do que toda riqueza que o seu futuro marido poderia oferecer na Hungria. O provérbio defende justamente essa ideia: Não vender a liberdade por moedas de ouro. Capelão buscou divulgar textualmente provérbios como esse e mostra-los através de suas rememorações cotidianas. Máximas que estavam presentes no acervo da cultura clerical do período. Com isso, podemos constatar a possível influência da obra no âmbito das cortes feudais, entre a alta e a pequena nobreza. A leitura e a escrita eram pouco difundidas entre os camponeses. Além disso, o próprio André Capelão direcionou os seus preceitos amorosos para o jovem Gautier e outros que tivessem o desejo de aprender sobre a arte de amar, onde Georges Duby caracteriza o Tratado como uma obra pedagógica. Espero ter contribuído para o seu questionamento. Obrigada.
      Ass.: Juliana Caroline de Souza Araújo.

      Excluir
  2. Parabéns a autora pelo belíssimo texto. Sou professora da área de linguagens e suas tecnologias e vejo no seu trabalho muitas possibilidades de trabalhar o status do amor cortês presente nas produções artísticas atuais. É comum nos depararmos com sujeitos em canções afirmando perderem o ar por não poderem estar ao lado da mulher amada idealizada. Dito isto, na sua opinião por que esse amor inalcançavel permanece tão vivo nas nossas produções artísticas e atrai tantos espectadores ao longo da História?
    Ass.: Joelândia Nunes Ulisses de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Joelândia agradeço a sua pergunta e ao seu elogio. De verdade, a idealização do amor é um resquício que permaneceu no imaginário contemporâneo. Baseando-se no Tratado do Amor Cortês de André Capelão, conseguimos extrair elementos que atraem homens e mulheres para amores considerados idealizados. Ele pontuou que os olhares e a lembrança da beleza fazem o indivíduo desejar, mesmo que não consiga realizar, deixando-o muito angustiado. Esse temor é aproveitado em benefício do espírito, como um tipo de regeneração para a própria individualidade. Segundo o autor, a pequena esperança dada por uma dama inacessível é o suficiente para o amante viver e se transformar, utilizando a cortesia e os ideais da cavalaria: humildade, coragem, fidelidade e generosidade. Espero que tenha contribuído para o seu questionamento. Obrigada.
      Ass.: Juliana Caroline de Souza Araújo

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.